terça-feira, 21 de agosto de 2012

Território Gonçalense entrevista a prefeitável Dayse Oliveira (PSTU)


Dando continuidade a série de entrevistas com os candidatos à Prefeitura de São Gonçalo, realizada pelo Território Gonçalense Eleições 2012, hoje, publicamos com a candidata do PSTU, Dayse Oliveira.
Professora de História, ativa militante socialista e do movimento negro, e fundadora do Sindicato Estadual dos Profissionais da Educação (Sepe), Dayse Oliveira já participou de várias eleições.
Nas eleições presidenciais de 2002, foi vice-presidente na chapa de José Maria de Almeida (mais conhecido como Zé Maria); Em 2004, concorreu à Prefeitura de São Gonçalo obtendo 6.723 votos; Em 2006, foi candidata a senadora obtendo 31.875 votos; e agora disputa novamente o cargo de prefeita da segunda maior cidade do Estado.
Vamos saber por que Dayse Oliveira deseja ser a chefe do executivo do nosso município.
Vagner Rosa: Por que a senhora quer ser prefeita de São Gonçalo?
Dayse Oliveira: Decidi me candidatar a prefeitura de São Gonçalo para ser a voz dos trabalhadores, do povo pobre e da juventude nestas eleições. Nosso objetivo é usar nossas candidaturas para impulsionar as lutas dos trabalhadores. Nós do PSTU acreditamos que somente a luta e a mobilização dos trabalhadores é capaz de mudar a vida e não apenas as eleições.
Vagner: Nas caminhadas que tem feito pela cidade, o que tem mais chamado a atenção da senhora?
Dayse Oliveira: A realidade é que os trabalhadores de nossa cidade vêm sofrendo com o abandono dos últimos governos. Sai ano, entra ano e as coisas só pioram, pois, os governos que tivemos tinham um lado para governar que sempre foi o lado dos ricos e poderosos. O que mais me assusta é a maneira como a saúde e educação estão jogadas a traças e abandonadas pelo poder público, daí os que tem dinheiro para pagar planos de saúde e escola tem direito e o trabalhador que paga seus impostos em dia fica a ver navios pelo descaso do poder público.
Vagner: É unanimidade no município que a área mais critica é a saúde. Realmente, o descaso é grande! Caso seja eleita, que medida a senhora adotaria de imediato para solucionar o péssimo atendimento nesta área vital do ser humano?
Dayse Oliveira: Primeiramente colocar os hospitais nas mãos do governo e acabar com o trabalho terceirizado, todos os funcionários terceirizados tem que ser funcionários da prefeitura. É necessário também que tenhamos profissionais da saúde disponíveis para a população e que estes trabalhadores recebam salários dignos. Os postos de saúde e hospitais têm que ter medicamentos, não pode ser que os remédios sejam uma raridade nesses locais. Por fim, lutar pela construção de conselhos populares para saúde, um mecaniso para que o povo tenha vez nesta história.
Vagner: A senhora como professora e fundadora do Sindicato Estadual dos Profissionais da Educação (Sepe), com certeza, tem uma visão muito bem apurada sobre a questão da educação em todos os níveis na cidade.
Pois bem. O IDEB acabou de divulgar as notas referentes ao biênio 2011 e São Gonçalo não atingiu as metas.
Na rede municipal, a situação é a seguinte:
Meta 5º ano (antiga 4ª série): 4.6 – Média alcançada: 4.1
Meta 9º ano (antiga 8ª série): 3.4 – Média alcançada: 3.2
Candidata, na sua visão qual é o maior problema hoje na educação do município e que medida emergencial a senhora pretende adotar nesta área de grande importância para o progresso do homem e da sociedade?
Dayse Oliveira: O maior problema é que não querem deixar o filho do trabalhador estudar, a escola esta se tornando espaço para fazer dinheiro com privatizações e precarização do ensino público.
Os profissionais de educação e a comunidade escolar sabem muito bem que a educação não é e nunca foi prioridade no município. Para se ter uma ideia temos um dos piores salários do estado. Temos que valorizar o profissional da educação em todos os níveis, digo a cozinheira, o porteiro, o professor e todos que trabalham nas escolas. É necessário investir 10% da arrecadação pública para educação já, garantir um salário digno para os profissionais de educação e dar fim a privatização do ensino no município.
Vagner: Infelizmente, São Gonçalo ainda ostenta o triste título de a maior cidade dormitório do país. Dados do Ministério do Trabalho informam que a taxa de desemprego em nosso município é alta: 10,1%. Que soluções a senhora apontam para reverter esse quadro?
Dayse Oliveira: Um plano de obras públicas para gerar emprego de qualidade e sanar algumas carencias de nosso município. Imagina o governo investindo na construção de casas populares, hospitais e escolas. Geraria empregos e ainda fariamos uma melhora em nossa infraestrutura.
Vagner: Outro indicador negativo sobre o nosso município diz respeito ao saneamento básico. O Instituto Trata Brasil acabou de divulgar o Ranking do Saneamento das 100 maiores cidades brasileiras. São Gonçalo está pessimamente colocada em 75º lugar. O que a senhora tem a dizer sobre essa colocação e como pretende tratar esse problema em seu governo?
Dayse Oliveira: Primeiro gostaria de reafirmar que um governo que recebe dinheiro de empresários e banqueiros para a sua campanha já se comprometem com os ricos e poderosos. Estes não moram em nossa cidade. Por isso, 80% das casas em São Gonçalo não possuem saneamento básico, pois os que moram nela são trabalhadores e o povo pobre. Conheço essa realidade, pois moro em São Gonçalo, no bairro do Porto Velho e já morei em Jardim Catarina, um dos bairros mais precários de São Gonçalo. Tenho contato com os trabalhadores nas fabricas e com filhos de trabalhadores nas escolas. Nós do PSTU defendemos que só um governo para os trabalhadores é capaz de garantir melhores condições de vida para os trabalhadores e o povo pobre. Do jeito que tá, não é possível.
Vagner: Por conta do Comperj, já podemos sentir ares de progresso na região. Porém, devemos ser realistas com as consequências futuras como: aumento populacional, aumento da violência e a favelização. A senhora já tem projetos em mente para enfrentar ou evitar esses problemas que poderão surgir lá na frente?
Dayse Oliveira: Não podemos colocar um sinal de igual na vinda do comperj e estes fatores que você chamou de problemas. A questão é que o capitalismo leva a favelização, violência e miséria. Nós temos que lutar junto aos trabalhadores por melhores salários, assim, terão dinheiro para garantir casa e etc. Fazer um plano de obras públicas para diminuir o desemprego. A cidade precisa ter um plano de urbanização para atender ao crescimento infelizmente isso não vem acontecendo.
Vagner: Hoje, um problema que vem sendo muito observado em São Gonçalo é o trânsito caótico pelas ruas da cidade. O fato é que o município cresceu e não recebeu até aqui qualquer investimento na mobilidade urbana. Caso seja eleita, a senhora tem um projeto emergencial que possa ser logo implantado nos primeiros meses de seu governo?
Dayse Oliveira: Esse é um grande problema. Não há investimento no transporte publico que cada vez mais se tornam precários e caros. Sem contar que temos um transito insuportável que toma todo o tempo do trabalhador. Precisamos regularizar o transporte alternativo e acabar com o monopólio das grandes empresas de transporte. Acabar com a conseção de 25 anos para estas empresas privadas e colocar o transporte nas mãos do governo e trabalhadores para assim atender as necessidades de todos. Baratear a passagem para R$ 1 real e passe livre para estudantes e desempregados. Além de editar uma lei que põe fim na dupla função (motorista sendo motorista e cobrador).
Vagner: Numa entrevista a um outro veículo jornalístico, a senhora disse que um de seus projetos é discutir a questão da violência contra as mulheres, o racismo e a violência contra os homossexuais. Qual é a realidade hoje em São Gonçalo com relação ao preconceito sobre essas questões levantadas pela candidata?
Dayse Oliveira: Basta olhar as páginas de jornal diariamente que você verá casos de mulher sendo espancada, morta e humilhada todos os dias. Há pouco tempo uma jovem foi estuprada e morta, outra foi morta a socos e ponta pés, chega dessas atrocidades! O governo deve ser linha de frente na defesa das mulheres e combate ao machismo e toda forma de opressão. Os homosessuais devem ter o direito de escolher com quem se relacionar e o governo deve editar medidas que garanta esta opção, não podemos deixar o preconceito acabar com mais sonhos e levar para o túmulo aqueles que pensam diferente da maioria da sociedade.
Quanto ao racismo chegamos no momento em que os governos dizem que evoluimos, nós pensamos o contrário. Estamos em um momento em que o racismo está em toda parte e só pode chegar ao fim com uma mudança drástica na sociedade, pois, os patrões se utilizam do racismo para continuar governando e colocando diferenças entre negros e brancos, explorando ainda mais o povo negro colocando-os em postos de subemprengos, recebendo salários mais baixos que o do homem trabalhador branco.a violência, o desemprego, a falta de oportunidades tem cor e também tem sexo. Nas capas de jornais vemos negros e negras sofrendo toda forma de violência. Isso tem que ter um fim.  
Vagner: Candidata, este ano a eleição está bem concorrida. Como é fazer uma campanha com apenas R$ 5 mil? E qual é a sua avaliação até o momento da campanha eleitoral?
Dayse Oliveira: Nossa campanha é financiada pelos trabalhadores, por isso temos um orçamento apertado. Para manter um programa para os trabalhadores é necessário que os próprios trabalhadores o financie. Quem paga a banda escolhe a musica. Quando as empreiteiras, bancos e grandes empresários financiam campanhas de candidatos não é a toa é porque querem que governem a favor deles e contra os trabalhadores. Não temos material de papel fotográfico, nem banner gigante. Mas, temos uma militância de muita garra que tem no coração a força e a vontade para mudar o mundo. Construir um mundo socialista, um mundo onde o homem não seja explorado pelo homem.
Hoje nossa campanha se encontra no caminho dos trabalhadores com panfletagens nos bairros, escolas e portas de fábricas. Indo de encontro com as massas populares, para quem pretendemos governar.
Mudando de assunto agora para que os gonçalenses possam conhecê-la melhor fora do universo político.
Vagner: Qual é a sua relação com a cidade? O que São Gonçalo significa para a senhora?
Dayse Oliveira: Uma cidade importante na minha vida e que entrou para minha história. Hoje são Gonçalo é minha casa.
Vagner: O que faz nas horas vagas na cidade?
Dayse Oliveira: Gosto de ir ao cinema, reunir com a família e ler um bom livro.
Vagner: Qual é o seu lugar preferido em São Gonçalo?
Dayse Oliveira: O meu bairro, Porto Velho.
Vagner: O que não gosta na cidade?
Dayse Oliveira: Não gosto de ver o descaso com a população em cada rua que passo, em cada esquina que viro. Onde passamos são Gonçalo expressa o abandono, o descaso. Faltam políticas publicas para a cidade e investimentos na saúde, educação, cultura e lazer, necessidades fundamentais para que os trabalhadores e trabalhadoras de SG possam viver com dignidade. Para mim também é intolerável o racismo, o machismo e a homofobia e toda a forma de opressão.
Vagner: O que gostaria de resgatar da São Gonçalo do passado?
Dayse Oliveira: O carnaval na cidade.
Vagner: E como gostaria de ver o município no futuro?
Dayse Oliveira: Gostaria de ver o município governado para os trabalhadores. Inclusive esse é o nosso lema de campanha. O município não pode ser governado visando o bem estar das empreiteiras e dos poderosos que exploram os trabalhadores. Queremos bem estar e uma vida decente para aqueles que hoje acordam cedo todos os dias para trabalhar, ganham pouco e enfrentam todas as mazelas do mundo atual. Gostaria de ver uma cidade igualitária, onde as pessoas tivessem acesso a saúde e educação de qualidade, pudessem ter cultura e lazer livres e recebessem salários dignos de acordo com o que produzem.
Vamos agora as preferências nos campos da arte, esporte, culinária, entre outros.
Livro: “Tudo o que eu queria te dizer” de Marta Medeiros.
Escritor: Marta Medeiros
Filme: Sonhos de Akira korosaua
Estilo musical: samba, jazz.
Música: Morro Velho de Milton Nascimento
Banda/Grupo:  The Clash
Cantor: Emilio Santiago
Cantora: Elis Regina
Atriz: Liv Ulman
Ator: Milton Gonçalves, Samuel Ljackson
Programas de Tv: Esquenta
Esporte : Futebol
Time de futebol: Vasco
Jogador: Mauro Galvão
Prato preferido: feijoada
Cor: azul
Cidade:São Gonçalo
Estado:RJ
País: Brasil
Religião: eclética. 
Personalidade política: Cyro Garcia
Personalidade gonçalense: Ana Maria Quintanilha
Um sonho: construir um mundo diferente, socialista.
Uma frase:sonhos, acreditem neles!
Vagner: E para encerrar, deixe uma mensagem para os gonçalenses e fale por que os eleitores devem votar na senhora.
Dayse Oliveira: Sonhamos o possível e suportamos o impossível. Chega! São Gonçalo para os trabalhadores!

Um comentário:

  1. parabens pelas entrevistas é de vital importância que mesmo quando a grande mídia não dá abertura a um munincipio que tem a segunda maior população do estado, a internet vem nessas eleições ser fonte de informação para eleitores feito eu.

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